Enchente

Mais ruas são atingidas na praia do Laranjal com o avanço da Lagoa dos Patos

Vento leste além de jogar água para dentro dos balneários, represa a vazão da água no mar

Foto: Jô Folha - Água na José Maria da Fontoura avança até a rua Novo Hamburgo

Mudança do vento para leste, chuva e a chegada das águas do Guaíba e da Lagoa Mirim, que na madrugada desta segunda-feira chegou a 4,54 metros, confirmaram as previsões dos meteorologistas na Sla de Situação em Pelotas, no final de semana. A praia do Laranjal voltou a ser coberta pelas ondas e, a cada meia hora, uma lâmina d'água ia avançando pela avenida José Maria da Fontoura, por ruas onde ainda não tinha enchido, como entre Triunfo e Novo Hamburgo. Na principal avenida da praia, a Rio Grande do Sul, a água avançou até a rua Canoas.

Cenário da manhã no Laranjal. Foto: Jô Folha - DP


O cenário voltou a preocupar os órgãos da Defesa Civil e a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB), em uma breve live pediu novamente para que as pessoas em área de risco não voltem para suas casas, pois até terça-feira Pelotas estará vivendo mais um momento de crise climática. No início da tarde, o Canal São Gonçalo bateu novo recorde de inundação, com 3,12 metros. A Lagoa dos Patos vem subindo também por estar recebendo dos a mancha com sedimentos do Guaíba e sua medição às 11h foi de 2,50 metros. Essa diferença de um pouco mais de 50 centímetros, além dos diques de contenção, impedem que a cidade alague, pois ainda há espaço para o São Gonçalo desaguar. No entanto,com o vento desfavorável para o escoamento da laguna para o mar, o fenômeno natural ocorre de forma lenta.

Shopping Mar de Dentro volta a inundar. Foto: Jô Folha - DP


Cenários em diversas localidades

Nas Doquinhas, se não fossem os diques de contenção a água já teria alagado a rua Benjamin Constant. A constatação é do pescador José Cardoso Brum, 45, que mora desde os oito na região. Diariamente ele vai conferir seu barco e a movimentação do canal. "Já vi enchentes que a água chegou até as casas. Os diques têm sido a salvação de quem vive aqui", comenta. Por ali estavam ainda dois servidores do Sanep que foram observar as condições das barreiras. Eles comentaram que tem muita água na Lagoa Mirim vindo para o canal e que a Eclusa ainda consegue segurar um pouco o volume. Pelas medições feitas pela Prefeitura de Santa Vitória do Palmar, o nível da Lagoa Mirim subiu mais de 50 centímetros em 36 horas e estava a 4,54 metros.

Percorrendo mais áreas de risco, a avenida Visconde da Graça, no Simões Lopes está mais cheias e até cavaletes foram colocados no acesso à via para alertar os motoristas. A visão sobre a ponte para as moradias às margens ao canal Santa Bárbara mudou em relação à semana passada, e para pior. Se antes a água alcançava até o pátio, nesta segunda, já tinha invadido as casas. Seguindo o caminho das enchentes, as ruas na vila Farroupilha estão sem água, mas o alerta continua. O caminho foi seguir para a área mais atingida da cidade, o Laranjal, situação citada acima.

Pelo trajeto, mais um sinal de alerta. A faixa da Ferreira Viana, entre a estrada do Engenho e a rótula da ponte que está liberada para tráfego, já está com lâmina d'água, isso porque os campos entre a avenida e a rua Comendador Rafael Dias Mazza estão cada vez mais cheios. A explicação pode estar no volume do Arroio Pelotas que inundou as Charqueadas que recebem hóspedes e turistas. Esse mesmo arroio, também tem assustado moradores do Recanto de Portugal, não só pelo avanço da água, mas pela erosão da mata ciliar que protege os rios e, consequentemente, as residências do local.

Pescador José verifica todos os dias seu barco que está nas Doquinhas. Foto: Jô Folha


Erosão

Na rua Cidade de Aveiro, a preocupação é com a queda de árvores, cada vez mais inclinadas. O professor do Instituto de Biologia da UFPel, Althen Teixeira Filho, 70, percorre todos os dias a rua para conferir a situação da margem do arroio que sofre com o desgaste natural. "Se perdermos esse barranquinho aqui, para onde vai essa água?", questiona.

Erosão na margem do Arropio Pelotas preocupa moradores. Foto: Jô Folha - DP


Ele conta que foi solicitado à Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA) a poda de duas árvores, que com menos peso, poderia se manter erguida. "A sugestão foi de um técnico da Fepam, mas a SQA respondeu que nada pode ser feito no momento." A explicação também foi compartilhada com agentes da Polícia Federal que estavam no local. Por falar em polícia, em todos os locais que a reportagem esteve - de área de risco - pelo menos um ou dois órgãos de segurança estavam patrulhando.

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